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A Maçã no Escuro


Livro: A maçã no escuro
Editora: Rocco
Escritora: Clarice Lispector


“Juro que no meu livro terei a coragem de deixar inexplicado o que é inexplicável.”

Começo dizendo que já iniciei a leitura com os dizeres de que é um dos livros mais difíceis de compreender da autora, e eu, que sempre me conectei sempre com Clarice singelamente pensei "impossível não compreendê-la".
Pois para tudo se tem uma primeira vez.
Sim, um dos mais difíceis, mas não pela escrita complicada ou por ser confusa, é porque justamente não se sabe onde a autora quer chegar e o que ela quer dizer.
A premissa da história nos apresenta o personagem principal Martim, um homem que cometeu um crime, que foge e se esconde em uma fazenda, trabalhando clandestinamente para Vitória. Tal crime só nos é revelado no final da trama.
Mas se pararmos para pensar que se trata só disso, o livro fica simples e fácil de compreender. Mas a leitura vai muito além, quando começamos a interpretar o que se pode tatear entre o certo e errado, qual o verdadeiro significado de maldade e bondade e ainda diversos temas intercalados como a vida e a morte, a liberdade, a coragem, o tempo, dentre outros.
Enfim, a obra nos traz o conhecimento de Martim como homem e a busca por si próprio após chegar ao extremo de um crime. Os questionamentos que são feitos, as relações criadas naquela fazenda, o contato com a natureza e animais, tudo o leva ao ponto máximo desse reconhecimento.
A maçã no escuro trata-se de um simbolismo, da tentação e da busca por conhecer a si próprio. Creio que cabe aqui também citar o ditado popular em que costumamos dizer "quem é você quando ninguém está olhando?"
Ou seja, no escuro, será o ser humano capaz de resistir a tentação?
A escuridão também nos traz a interpretação de ignorância, de maldade, do ato do crime.
E Martim, nos traz essa ideia da luta interna do ser humano entre redenção e culpa, em buscar sua identidade em meio ao caos, em encontrar a sua verdadeira face.
Um desafio sim, mas também uma leitura cheia de significados.

"Porque afinal não somos tão culpados, somos mais estúpidos que culpados. Com misericórdia também, pois. Em nome de Deus, espero que vocês saibam o que estão fazendo. Porque eu, meu filho, eu só tenho fome. E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã — sem que ela caia."

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