Livro: Véspera
Escritora: Carla Madeira
Editora: Record
"Por ironia, ao longo de todos esses anos o que mais pesou em mim foi a felicidade. Sim, a felicidade às vezes é uma manta curta, não dá para todos."
Véspera é um livro que vai ficar comigo por muito tempo, assim como Tudo é Rio deixou sua marca.
Aqui, estamos cara a cara com um drama familiar, uma história para ser devorada, cheia de reviravoltas e um desfecho - que convenhamos é característica da Carla Madeira - totalmente inesperado e fora da curva, o que não tira seu brilhantismo.
Há um mistério no ar e eu queria saber o que aquelas páginas queriam me dizer, por isso fui lendo-o vorazmente. E mesmo com aquele desfecho e de pensar e repensar nele tantas vezes, ainda fico me questionando: mas como? Por quê?
O que dizer das vésperas?
O que pensar dos acontecimentos que se trilharam até aquele dia final?
Vemos, mais uma vez, a escritora trazer temas que nós já lemos antes porém de uma forma totalmente nova. Dessa vez nos deparamos com a história dos irmãos gêmeos, Caim e Abel.
A primeira intriga, o primeiro assassinato?
Clichê? Não, não conte com isso. A autora revisita o tema de forma diferente e nos conecta a uma história íntima e universal. Única, eu diria também.
São dois personagens tão profundos, deixando ainda espaço para os demais que os envolvem que são tão importantes quanto para o desenvolvimento da história. E o impressionante é que por mais que desprezemos e odiamos alguns deles, quando lemos a história entendemos seus sentimentos e suas falhas. Aos poucos vamos conhecendo os traumas e cicatrizes de cada um.
E enfim compreendemos a profundidade da cena que deu início a história: uma mãe desesperada pelo filho desaparecido e suas dores antigas oriundas de dramas familiares que vão se demonstrando aos nossos olhares atentos no decorrer do livro.
É uma carga que sempre vou levar comigo: a véspera do acontecimento trágico.
“São sempre enormes as coisas da infância, as maiores que teremos na vida, eu penso. As mais inesquecíveis. Talvez, as mais sentidas como verdadeiras. Passamos o resto do tempo atrás dessa sensação”
Boa leitura!
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