Livro: Torto Arado
Editora: Todavia
Escritor: Itamar Vieira Junior
"O povo vagou de terra em terra pedindo abrigo, passando fome, se sujeitando a trabalhar por nada. Se sujeitando a trabalhar por morada. A mesma escravidão de antes fantasia a liberdade. Mas que liberdade?"
Esse livro tem um peso ancestral que eu demorei digerir. Relata uma história e uma luta que eu nunca pensei poder ser descrita com tamanha veemência e ainda de forma poética.
O escritor vai direto ao ponto, não mede palavras e possui uma escrita que comove o leitor. Seu vocabulário é acessível a todos pois acompanha a herança de nossos atepassados. A narrativa possui a força de vozes femininas, o que só trouxe um brilhantismo a mais para a obra.
É pesado, emocionante, atravessa o corpo, a pele e a alma. Trazendo os costumes, a crença, a irmandade, a bravura e a luta.
Absurdamente lindo. E triste ao mesmo tempo. Fala da desigualdade e do racismo, presentes no passado e que perduram até a atualidade.
Belonísia e Bibiana. Chapéu Grande. Donana. Salu. Maria pescadeira. Os orichás. A terra. O arado.
Símbolos e personagens que marcam sua leitura e trazem uma experiência que ficará para sempre.
Eu ouço o grito torto de Belonísia e entendo enfim qual a finalidade do torto arado!
A sua luta que ainda existe e ocorre no presente, diariamente. É necessário, é real, é cotidiano.
Esse livro é um grito torto que precisa ser ecoado por todos os cantos.
Não há muito o que dizer, só ler e sentir.
Recomendo: leia com calma e se prepare para uma emoção avassaladora.
"De seu movimento virá sua força e sua derrota."
Boa leitura!
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