Livro: Perto do Coração Selvagem
Escritora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
"Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome."
Uma narrativa difícil, senti como se enxergasse através de uma pequena fechadura de uma porta que dava entrada para as selvagerias de Joana. A víbora desde sua infância à maturidade.
Perdeu o pai cedo. Morou um tempo com a tia até que roubou um livro e assustou-a, "uma víbora" , foi nomeada. Foi para um internato, se apaixonou pelo professor. Saiu do internato. Já mulher, se apaixona por Otávio. É traída.
Sua vida é mil emoções a flor da pele.
Joana quer se sentir mulher e amada, mas tem medo de algo, não sei do quê... da vida?!
Personagens instigantes. Narrativa sem sentido cronológico mas com uma profundidade extrema. Ora no presente, ora no passado de Joana, presenciamos suas experiências e questionamentos.
Sua infância, sua puberdade, adolescência e amadurecimento.
E mesmo Joana sendo mulher, ainda se questiona coisas que nós nos questionamos. Mesmo sendo mulher ainda guarda traços de sua infância.
Não saber quem somos, o que construíremos, qual é o próximo passo para se aproximar do objetivo. E qual seria o objetivo?
Viver? Morrer? Ser feliz?
Um livro para se ler com calma.
Joana é a personificação da mulher que não tem medo de duvidar de si mesma, do mundo e do amor.
Se entrega e se resgata de si mesma. Se destrói e reconstrói. Se descobre.
Talvez no fim dessa viagem ao centro de si mesma a percepção final de Joana seja que perto do coração há uma selvageria necessária, e ela se torna imprescindível para encarar a vida.
Por isso eu repito sua última frase: "de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo."
"Nunca sofra por ser uma coisa ou por sê-la."
Boa leitura!
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